Queria ser um animal e conjugar o verbo "ser" no infinitivo. Três letras e um grande teorema. Há aqueles que abrem mão de conjugar verbos em primeira pessoa — para alguns, estes são loucos. Mas o que há de loucura em subordinar uma oração a um sujeito oculto? E não há, na própria língua, uma ideia de coletivo? Em francês, ser e estar correspondem unicamente ao verbo "Être". "Être" pode ser deslocamento — seja passado ou futuro. A palavra "poesia" é um verbo de passagem? Afinal, é em meio a rimas e metáforas que se deslocam os sentimentos, bons e maus. O que está se movendo em meio a essas palavras que lê? Me use como "auxiliar", visite presente e passado, descubra. Apenas digo: há loucura em manter a vida no singular, se tudo o que preciso conjugar é plural. Hiago Damaciano
Delirando em curvas, teus lábios, teu corpo, inferno astral incorporado. Euforia carnal, desejo a flor da pele,anjo e demônio que persegue. Desamparo, desconforto, queima e anseia alma, esvair prazeres ti. Hiago
“Caminhante”. Palavra que traz como definição: “a ânsia de se movimentar”. Pode ser utilizada como sujeito, substantivo, adjetivo, predicado e há quem diga que seja até verbo. Pra mim, o “caminhante” é e sempre será aquele que habita em território ermo. E pouco importa neologismos ou metáforas que sejam feitos! Pode ser que seja montanha, serra ou até mesmo deserto. O “caminhante” sempre estará lá. Talvez o “caminhante” seja aquele que sabe “como” chegar e a “hora certa” de sair. Sair de onde nunca se quer esteve. Chegar sem deixar saudades. Por agora, acredito que o “caminhante” está como um substantivo sentado num bar. O porre que ele busca é pra esquecer que não será sujeito de sua vida, apenas adjetivo de mulheres. Porém, jamais poderá esquecer que por definição existe a “ânsia de se movimentar” e que sua vida é verbo. Acredito que seja hora de caminhar. Hiago Damaciano
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