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Ir a pé

  “Caminhante”. Palavra que traz como definição: “a ânsia de se movimentar”. Pode ser utilizada como sujeito, substantivo, adjetivo, predicado e há quem diga que seja até verbo. Pra mim, o “caminhante” é e sempre será aquele que habita em território ermo. E pouco importa neologismos ou metáforas que sejam feitos! Pode ser que seja montanha, serra ou até mesmo deserto. O “caminhante” sempre estará lá. Talvez o “caminhante” seja aquele que sabe “como” chegar e a “hora certa” de sair. Sair de onde nunca se quer esteve. Chegar sem deixar saudades. Por agora, acredito que o “caminhante” está como um substantivo sentado num bar. O porre que ele busca é pra esquecer que não será sujeito de sua vida, apenas adjetivo de mulheres. Porém, jamais poderá esquecer que por definição existe a “ânsia de se movimentar” e que sua vida é verbo. Acredito que seja hora de caminhar. Hiago Damaciano

Onde você se encaixa?

  Amar é fazer memória. É provável que a doçura da vida more em um domingo de manhã. Amar é engraçado. Como se fosse um sorriso frouxo de quem acorda e percebe que está de ressaca. Memória é lembrança. Pensar sobre o que se passou, ou melhor dizendo, daquilo que não foi e nem será. Memória é crescer. Se dar conta de que os cabelos grisalhos de sua mãe agora nascem de sua cabeça. Memória é ódio. Descobrir que não há história de um só personagem e que ninguém entra em cena sem convite. Amar é construção. Pra além de cimento e tijolos, uma casa precisa de estrutura, então mãos à obra! Amar, amar, amar… Queria que houvesse alguma coisa na vida que não fosse memória. Hiago Damaciano

Acertos

Errar para mim é verbo. E não importa quantos “Messias” me sejam apresentados, nada poderá perdoar o pecado de viver no ato de errar. Errar é fogo que arde e não se sente. Eu sinto muito. Errar deve ser sentido. Tantas vezes errei porque sempre ouvia que “uma vida de sucesso não se faz sem fracassos”. Pois bem, agora acumulo uma trajetória incrível na arte de errar. Ah, o que seria de mim se tivesse nascido sem o dom de errar? Se eu não errasse, talvez eu teria sido um físico, marinheiro ou até quem sabe um astronauta! Se eu não errasse eu teria sido tudo, menos humano. Hiago Damaciano  

Que dia é hoje?

  Há dias em que me embebedo na melancolia. Há dias em que não há destilado capaz de desatar a laço que  me enforca o estomago. Há dias em que os dedos deslizam em direção a caneta e o papel na tentativa de rabiscar o passado e reescrever o futuro. Há dias em não há mentira falada que cale o fato que te perdi. Há dias em que erro pelo prazer de errar e que eu sofreria muito caso não tivesse sido como Carlos, um “gauche” na vida. Há dias em que .... Apenas não há dia. Hiago Damaciano 

Pétalas de Girassol

  No bico de um pássaro havia uma semente, sementinha de girassol. Passarinho voou e voou, sementinha caiu, rolou e rolou, rolou tanto que caiu em meu coração. Vem chuvinha, vem ! Mas chega devagar e me molha pouco a pouco até o dia raiar. Dia nasceu, tempo mudou e sementinha deu um broto, o girassol clareou! Cresce girassol, de pouquinho em pouquinho brilha em mim, brilha pra mim, girassol. Gira pra lá e gira pra cá, cresça até levar minha tristeza embora, girassol. Verão chegou, nasceu minha flor de girassol. E lá vem outro passarinho.   No bico desse pássaro há uma semente, uma sementinha que é fruto de meu girassol.   - Hiago Damaciano

Por do sol aguarda lá fora.

  Para voar basta querer. Desbravando os céus, sempre com os pés no chão. Vão-se dias, os meses e anos, quando se vê, nascem os filhos, quando se pensa, crescem fios grisalhos na   cabeça. Ora, passa-se tudo,   restando o desejo de morrer entre as nuvens. Mas afinal, o que quer o poeta senão voar? Penso como basta apenas um tropeço para que se desfaça o nó e "tacharam"! Cá estou a fazer passos engraçados, todo desengonçado, dançando em "zigue-zague" sob o papel. Diga-me então, o que seria o poeta se não fosse criança? Sempre a brincar, velejando seu barquinho de papel numa maré de emoções,   transformando em choro o riso que há quando se percebe estar no céu dos apaixonados. Ahhh o céu dos apaixonados, há tempos que não passeio por lá! Pois bem, eis ai o que quero! Voar, voar e voar, brincando em meia crianças que se aventuram em voar. Hiago Damaciano

Dissidências

Venha, sente se e me digas do queres falar! Prosear sobre mulheres e o tempo? Deixe disso! Quero que me fales da vida. De minha parte não há o queixar! Ora, essa velha senhora de tropeço em tropeço, não acerta os passos e me trás mentiras de que tudo está bem, e assim vivo! Pegue outra dose e encha nossos copos. Hoje temos o que festejar. Veja! Há no céu um mundo que paira sob nossas cabeças. Não sentes vertigem ao pensar na pequeneza de teus problemas? Como é discursar aos surdos? Porque queres tanto guiar os cegos? Quantos murros mais desejas levar? Vejo que hoje estamos servidos de embaraços, alegria! Não, não, não... Não se desinquiete. Dê- me a mão, pularemos de braços abertos no abismo de teu coração. - “Garçom, outra garrafa, por favor!”. - Hiago Damaciano